Histórico
É provável que o bolinho de frango tenha surgido por volta de 1905, pela familia do Sr. Odilon, famoso comerciante que fez a fama vendendo os bolinhos em seu comércio localizado as margens da Rodovia SP - 127 que liga Itapetininga a Capão Bonito, ja faz alguns anos que o Sr. Odilon faleceu mas hoje o comércio é administrado por um de seus descendentes.
No ano de 1985 o jornal "O Estado de São Paulo" fez uma matéria a respeito do bolinho de frango do Gramadinho, segue abaixo:
Faz 80 anos que o bolinho de frango sustenta a família Bicudo-Freitas, moradora no distrito de Gramadinho, lugarejo que fica a 23 quilômetros de Itapetininga, no interior do Estado de São Paulo. A família faz bolinhos e vende e, nessas oito décadas, muita gente famosa provou o bolinho e gostou, fazendo com que sua fama ultrapassasse os limites do município, do Estado e até mesmo do Brasil.
“O bolinho foi o carro-chefe de meus negócios”. Assim diz Odilon de Freitas, 72 anos, agora completamente realizado e com situação econômica satisfatória, ao lado de seus 10 filhos, cinco homens e cinco mulheres, 23 netos e 3 bisnetos.
Durante 40 anos, em seu bar – São Cristóvão -, naquele distrito de pouco mais de 1.200 habitantes, ele vende bolinho de frango, feito pelas mãos hábeis de sua esposa, antônia Deoclécia. Nesse mesmo lugar –de 1905 a 1940 -, seu sogro Paulino Bicudo, em um pequeno armazém, além de secos e molhados, vendia também os bolinhos que fazia aos viajantes que conduzindo tropas de burros, seguiam para São Paulo, procedentes do Rio Grande do Sul. Com o surgimento da estrada, o armazém tornou-se parada obrigatória de ônibus, cujos passageiros ali se alimentavam. O bolinho de frango, feito com carinho, era o prato principal e foi ganhando fama a ponto de muitos levarem-no sob encomenda.
Feito com frango caipira, bem limpo, e tendo como ingredientes polvilho, ovos, cheiro-verde e manjerona, além de farinha de milho de monjolo, o bolinho continua fazendo sucesso até hoje, desde que Paulino Bicudo o lançou no mercado”. Odilon lembra que os ônibus internacionais que seguiam para Argentina e Uruguai, mesmo que já tivessem parado em Itapetininga ou Capão Bonito, para as refeições, estacionavam por alguns minutos ali para que os passageiros comprassem aquele delicioso petisco. Recorda-se também que políticos como Júlio Prestes, Getúlio Vargas, Adhemar de Barroas, Costa e Silva e Laudo Natel, além de Luiz Carlos Prestes – em 1932 – comeram bolinho de frango em Gramadinho, isto sem contar artistas de teatro, rádio e televisão, que “gostaram muito da iguaria”.
Um dos filhos de Odilon, o Cristóvão, lembra com emoção que, estando uma vez nas ruas de Assunção, foi surpreendido por um paraguaio que perguntou pelo bolinho de frango de Gramadinho e também quando funcionário conduzido num carro oficial da Argentina, “mandou fritar quase duas dúzias de bolinhos para leva-los de presente ao então presidente Juan Domingos Peron”.
Odilon Freitas garante que poderá deixar tranquilo o negócio e transferi-lo para qualquer de seus dez filhos “sem que o bolinho sofra qualquer alteração”, porque “todos eles sabem a receita e continuarão no ramo...”.
Gramadinho, que vive exclusivamente da agricultura, com destaque para o milho, está localizado ás margens da rodovia Bandeirantes, entre Itapetininga e São Miguel arcanjo, a SP-127, que liga o Planalto ao Litoral Sul do País.
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"O Estado de São Paulo" edição de 28/11/1985 |